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SIMONE BRANTS
( BRASIL – RIO DE JANEIRO )
Simone Brantes é poeta, mestre em Filosofia e Doutora em Letras pela UFRJ. Autora de três livros de poemas publicados pela editora 7Letras: Pastilhas brancas (1999), O caminho de Suam (2002) e Quase todas as noites (2016), que recebeu em 2017 o Prêmio Jabuti. Publicou poemas e traduções de poesia em jornais e revistas como O Globo, Inimigo Rumor, Poesia sempre, Polichinello, Revista Piauí, Action Poétique, Lyrikvännen e Nuovi Argomenti. Participou de algumas antologias como: A poesia andando: treze poetas no Brasil (Lisboa/Cotovia) e Roteiro da poesia brasileira – Anos 90 (São Paulo/Global) e Simultâneos pulsando – uma antologia da poesia fescenina brasileira (São Paulo: Corsário-Satã) e O nervo do Poema. Antologia para Orides Fontela (Relicário).
INIMIGO RUMOR – revista de poesia. Número 11 – 2º SEMESTRE 2001. Editores: Carlito Azevedo, Augusto Massi. Rio de Janeiro, RJ: Viveiros de Castro Editora, 2001. 204 p.
ISSN 415-9767. Ex. bibl. de Antonio Miranda
A paixão perde o vínculo de sua causa
na estrada só as curvas existem e o volante
cedendo fácil ao braço, os olhos
afundando no retrovisor
não há nenhum propósito exceto o combustível
queimar a gasolina, o óleo diesel
todo o gás
até que não sobre nada
e o carro uma vez mais pare
vazio
exausto na pista.
*
De onde veio esse foto arrebatou
o seu corpo
ao espelho, sua sombra de pé
no dia pelo meio
por sua graça
não foi mais necessário perguntar
qual
dentre nós mulheres
e mais real? e caminhou
para longe
ninguém a suportaria
agora —
nem o culpado deveria:
a necessidade é excesso, ele
disse, muito estreito
é o meu campo de visão.
INIMIGO RUMOR – revista de poesia. Número 19 – 2º SEMESTRE 2007. Editores: Carlito Azevedo, Aug1usto Massi. Rio de Janeiro, RJ: Viveiros de Castro Editora, 2007. 166 p. ISSN 415-9767. Ex. biblioteca de Antonio Miranda
Errou o homem cujo calo lhe gritou
ardendo dentro do sapato
amanhã choverá. E também o cara
(ou aquilo dentro dele) que previu:
caem mil diminutos relâmpagos
se desatarão do corpo da garota
na minha direção
Não porque não tenha relampejado
mas porque um só relâmpago
(fora daquele céu) foi necessário
para abatê-lo. E agora sabe
o quanto (ainda mais que nós —
que sabemos do homem com seu calo
ardendo ainda dentro do sapato)
o nosso corpo é esta antiga máquina
falaciosa de premonições.
*
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Página publicada em dezembro de 2023
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